terça-feira, 12 de julho de 2011

Pequena morte


Acordei com aqueles dois olhos em cima de mim. São escuros, quase pretos, castanho escuros.
- Estava vigiando?
- Cheguei fiquei olhando, fiquei pensando por onde começar, se tirava a roupa toda e me metia logo no meio das tuas pernas, se começava chupando você devagar ou se só deitava e dormia esperando você me chupar de manhã.
- Esta esperando que eu chupe?
- Não. Me masturbei.
- Ficamos egoistas agora?
- Não. estava olhando sem conseguir decidir, fui ficando excitado. A sua respiração, a boca entreaberta, as mão no meio das pernas, essa calcinha velha, o bico rosa do peito saindo da camisola. Um sorriso de safada quando dorme, com que sonha? Achei sacanagem tirar você desse sonho.
- Sonhava que você  chegava e já se metia no meio das minhas pernas, nem tirava a roupa toda, afastava a minha calcinha para o lado e metia. Um cheiro de cachaça e cigarro, você tentando explicar de onde veio e eu nem querendo saber. O botão de ferro da sua calça arranhando a parte interna da minha coxa, um esforço danado para o seu pau ficar dentro, seu pau ficando dentro. As suas mãos apertando a minha bunda e a porra do cheiro da cachaça me bebendo. Acho que gozei.
- Foi um sonho
- Agora estou na dúvida se foi sonho, lembrança ou desejo.
- Acho que desejo
- Desejo de tu.

Chabadabadá - Para ler e sarrar depois


Por favor ler ouvindo Waldik Soriano - Tortura De Amor
http://www.youtube.com/watch?v=7-kHtzijxtw

Chabadabá, esse é o título do novo livro de Xico Sá. Coisa simples, muito simples. Título inspirado nas primeiras músicas feitas para dançar sarrando. Inspirado. Xico é inspirado, atento observador do comportamento humano, mais corretamente do tipo de ser humano que sofre por amor, ou que provoca sofrimento.
Nos textos de Xico as dúvidas do macho cansado de ser macho e com vontade de ser companheiro. Chabadabadá.
Xico é irmão de vida inteira. Amigo destes que sabe sempre o que se passa na minha alma sem precisar de muito explicatório. Amigo destes que me ensinou a transitoriedade do verbo amar. Sim amar é transitivo, aprendi com eles. Para falar a verdade aprendi muito sobre o amor e seus predicativos com os meus amigos homens. Passei noites nas radiolas de fichas consolando uns, chorando com os outros tendo Waldicks, Reginaldos e Robertos e Alípios como testemunhas. No meio dessa confraria conheci o amor assim, sem porcentagens, sem meios, sem jogos. Tudo cem por cento, tudo inteiro. Amor de homem tem uma honestidade diferente, uma honestidade de pau duro, não se finge um pau duro, um pau duro é e está. O livro de Xico é assim um pau duro. Inteiro, sincero, honesto. Mesmo quando é cafajeste ele é honesto.
Faz isso, vai ali na livraria compra o livro, uma boa cachaça, beba com moderação e aprecie o palavreado. Agora cheio de argumentos ligue para aquela ingrata e diga que você não é cachorro não.

Atenten para as ilustrações do livro são pinturas em guache de José Luiz Benício,famoso ilustrador de cartazes de cinema nos anos 70.

Ilustrações José Luiz Benício