segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Edificante






 

 

Ilustrando a crônica : Dodson Betty, Penis Types Close-ups, 1980


Acho a engenharia do pênis impressionante, ou seria hidráulica? É comovente  a mecânica que faz com que ele se erga, com que ele saia do absoluto repouso para posição de combate, ou abate?

As veias se desenham, a cor muda e o formato também. Conheci uns que quase duplicam de tamanho, há os que  pendem para um lado e outros, graças a Zeus, quase não se modificam.

Basta um afago, um beijo, ou um pensamento sorrateiro, para ele se espreguiçar e transformar desejo em reação. As vezes até sugestão de uma possível possibilidade faz ele se animar todo.

Encanta perceber que criatura e criador existem juntos e em separado. Agora mesmo enquanto o dono dorme a coisa acordou por si eu mal toquei, só passei suavemente a mão, nem chupei nem nada. Viveu sozinho. E mesmo duro parece indefeso, tão indefeso que minha única vontade no momento é guarda-lo dentro de mim.   

sábado, 9 de agosto de 2014

Antitérmico






Tenho um tipo de febre que não passa, está comigo desde sempre, uns dias acordo e penso, acalmou, sumiu, é finda. Que finda que nada, a febre desce e eu cavalo dos desejos dela, vou cedendo.

Para dar conta de uma febre tão antiga, tem um lote de gente que ajuda, que cuida, que doa. Sim, tem que ter uma turma, sozinho a pessoa não é nem corno. Este eu conheci numa festa, festa que a gente vai só para dar vazão a este tipo de febre. Este chega sempre que solicitado e tem hábitos particulares. Me usa como se eu fosse um tipo de carne de segunda - antes de me comer me amacia.  Chega e conversa e conta lendas e pergunta da vida. Tira a roupa devagar, gosta de tudo no claro, por isso as luzes aqui em casa são sempre fracas e rebatidas, luz direta já não me favorece.  Sabe aquela pessoa que chupa a sua buceta como se não tivesse nada para fazer depois? O pior é que tem.  Passa horas só sugando o botãozinho*,  dá voltas com a língua em torno dele e faz a febre baixar. Mesmo quando enfia o pau não é todo de uma vez, é em escalas até sumir dentro de mim. Goza rindo, tão bom a pessoa que goza rindo. Depois me põe de costas, o dedo grande da mão grande massageia o meu cú até que ele se abre, o dedo sai e o pau entra e entra e entra. Faço pequenas contrações só para ouvir ele dizer infinitas vezes o santo nome em vão. Depois os risos. O pau desmaiado dorme, enquanto ele se enrosca em mim, deixa entre nós dois apenas o espaço para escorrer o suor. E mesmo assim a febre não passa.



*Acho feio pinguelo, detesto grelo e clítoris parece livro de ciências. Botãozinho fica por enquanto até eu achar nome melhor. 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Boa semana


                                                                              Ilustração de Guido Crepax


Existem poucas coisas tão boas quanto acordar com ele dizendo no meu ouvido – vou gozar. Dito assim, quase sem falar. Dito ou pensado? Ele me pede ou me avisa? O peso, o encaixe, o suspiro, a quase morte. A ilusão de que por um segundo somos um só. Gozar com um outro exige cumplicidade, o sexo é uma brincadeira, jogo de dupla, as vezes mais de uma dupla.  Não estou falando de amor, nem de para sempres, nem de ilusões e projeções de uma vida futura. Estou falando daquela meia hora, dentro do quarto, ou qualquer outro ambiente que tenha a mesma função, daqueles instantes que sua atenção esta no seu corpo, nos seus desejos e nos dele. Instintos básicos, brincadeiras, pequenas marcas deixadas.  Uns falam de um ringue, de uma batalha, um duelo, eu encaro como uma dança, um pas de deux, não tem vencedor, um está ali para o outro. Uma forma de oração, um mantra. Dura pouco e alegra um dia, ou um mês se você tiver sorte. Uma trepada boa, realinha os chakras e organiza os pensamentos, coloca os problemas em seus devidos tamanhos. Gozar ainda é a melhor diversão. Boa semana para todos. A minha parece que vai ser bem legal.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Pesca Mortal





É sempre poética a imagem da femea que sai na noite, toda arrumada a procura de uma boa trepada. Enfeita-se, depila-se em lugares nunca dantes navegados, calcinhas de renda, maquiagem nas imperfeições e coisa e tal. Mas na vida real se dá quase que uma pesca mortal, sim por que a noite é um mar de possibilidades. Depois de um tempo já tendo trepado a quantidade de vezes que trepei, não é em qualquer mar que consigo um bom pescado. Depois de um tempo você já conhece as marés e onde vale a pena jogar a rede. Algumas vezes a vontade de trepar é tanta que qualquer sardinha vira salmão, foi o caso.
Noite destas, assim toda pronta, parti para mais um episódio de pesca mortal. Um bar, uma festa, uma roda de samba e nada de aparecer uma presa, final de noite perto de casa vamos ver se a sorte nos ajuda. Ajudou. Enfim, como falei antes, na hora da fome arroz com ovo é risoto.  Foi assim dessas trepadas média, tipo nota 7. Sim eu dou nota e não se façam de inocentes porque todo mundo faz isso. Achei estranho ele esperar o dia clarear, achei estranho ele pedir uma caneta, achei estranho ele escrever frases estranhas e desconexas sobre a noite, sobre a troca de olhares, sobre uma certa buceta muito molhada, sobre um pau encontrando um refúgio. Achei ruim quando a tinta da caneta acabou e ele pegou um marcador de cds, fez desenhos delicados. Uma hora colocou dois dedos na minha buceta, ficou massageando, brincando, depois tirou e começou a descrever sobre cheiros. Me comeu mais uma vez. Ficamos os dois carimbados da noite. Foi embora. Acontece, uma trepada nota 7 em evolução pode virar 10 em criatividade.
PS. Alguém sabe como remover marcador de cd do corpo?

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Certa manhã acordei de sonhos tranquilos



   
 
          Ilustração: Milo Manara           
   Já falei que eu sonho pouco, quase nunca. Algumas vezes uma única imagem aparece, um mar, uma cachoeira, céu azul intenso com poucas nuvens. Em momentos mais inspirados mergulho em um rio tranquilo, caminho por uma floresta e só. Nada de aventuras quixotescas, premonições ou romances elaborados. Mas ontem foi estranho. Talvez tenha sido o calor, 40 graus oficialmente, 45 no sentimento.
        A primeira sensação era de uma espécie de colchão de água, onde eu estava presa, grudada. Pensei no homem aranha, depois eu percebi que a textura era macia, úmida, em alguns momentos um pouco rascante, tudo se mexia. Percebi que eram bocas, línguas de todos os formatos e tamanhos. Estava deitada numa nuvem de bocas e línguas.
Umas sussurram Bukowski ao meu ouvido, outra imensa entrava e saia da minha buceta, outra lambia carinhosamente a parte de trás do meu joelho.  No instante primeiro pensei que deveria sair dali, no instante segundo, logo após o primeiro gozo, achei melhor ficar. Uma das bocas mordia com raiva o bico do peito direito, outra sugava o leite doce azedo do esquerdo. Ouvia música, ouvia muita sacanagem. Nenhum beijo. Sabe quando o mar está calmo e você consegue boiar por horas, agora imagine esta sensação com bocas generosas chupando e mordendo tudo que em você pode ser chupado e mordido.
Veio um tremor, como se eu estivesse caindo. Acordo com a luz do dia invadindo o quarto pequeno e ele mergulhado na minha buceta, a barba mal feita arranha as coxas. Um boca e uma língua só. Fecho os olhos e peço um beijo.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Entreatos



                             Eros e Psique



Uma besteira, um pequeno vacilo, um leve acidente, uma rápida cirurgia, resultado três longos meses sem andar. Sem andar, sem me locomover, parada, paradinha. Três imensos meses sem fuder.  Sim existem os vibradores, sim existe a masturbação, mas as dores permitiam pouca criatividade e nenhum desejo.
Restabelecida, vamos ao que importa.
Não estava com paciência para jogos, conversinhas bestas sobre coisa nenhuma, ou pior ainda, dar muito mais do que receber. Eu estava com fome, fome ancestral. Pensei em uma suruba, pensei em ligar para vários amigos. Mas eu não queria a la Carte eu queria um rodízio, eu queria ser servida incessantemente, eu queria um profissional. 
É um serviço complicado, não é como pedir uma pizza, uma escova no cabelo ou fazer uma compra pela internet, envolve algo mais profundo, digamos assim. Envolve medos e riscos.
Conheci Ele em um dia triste, no dia que um jovem rapaz me mandou ser feliz com outro alguém. Eu chorava tanto que tive que tomar soro para reidratar. Estava na Adega Pérola tomando uma cachaça e usando o pano de balcão como lenço quando Ele chegou. Chora não moça, arranja outro.
-       Tem outro não moço, nunca mais vai ter outro (abestalhada)
-       Vai sim.
-       Como você sabe que estou chorando por causa de homem?
-       O soluçar é característico, eu cuido muito de casos assim.
-       Você é terapeuta?
-       Faço programa.
-       Hein?
-       Sou garoto, no caso, senhor de programa.
Pense numa pessoa cujas lágrimas secaram em 1 segundo.
-       No caso, a gente paga para dar para o senhor?
-       Não, você paga para que eu te coma e te faça gozar como nunca.
-       Moço, estou com tanta dor no meu coração que nem vontade de fuder eu tenho.
5 cachaças depois ele me convenceu do contrário, e me deu uma amostra grátis do seu trabalho, podemos dizer assim. Claro que viramos amigos, vocês sabem que bons profissionais são difíceis de achar. Que pena que o plano de saúde não faça cobertura desse tipo de atendimento.
Ele, chegou aqui na cidade há 6 anos, veio de tão longe que nem tinha no mapa o longe que era. Veio atrás de uma moça que disse para ele que aqui era o lugar onde tudo acontecia. Trouxe o que tinha, o que não tinha deixou. Na partida ficaram tristes apenas umas duas primas, uma tia mais velha, a viúva da rua de cima, a viúva da rua de baixo, o sacristão e dizem que  uma cabritinha ficou dias olhando para a estrada com olhar entristecido. Chegou e foi tudo bom, no primeiro mês. No segundo o amor foi acabando, junto com o dinheiro. No terceiro o sexo foi rareando, no quarto mês ela foi muito sincera e mandou ele embora.
Ele sempre foi bom de conta, pelas contas dele não ia sobreviver na cidade e voltar para a cabritinha não era um bom projeto. Se fez valer do único talento que tinha. Era um talento que duro media exatamente 22,5 centímetros (Eu medi).  Viveu do talento dele durante uns anos, foi se entendendo na cidade, foi percebendo que só o talento não basta e foi aprumando a vida. Resumo,  virou gerente de banco, o talento maior guarda para ocasiões especiais. Considerei meu caso uma ocasião especial. Era dele que eu precisava.  
Ensaiei o texto antes de telefonar, um medinho bateu, em caso de insatisfação que Procon iria me reembolsar? Que orgão público recorrer? Órgão no sentido de instituição.
Marcado, valor acertado. Tudo certo. Certo?
Os preparativos de sempre, resolvi inovar depilação completa. (Conselho para as amigas, pensem bem antes de fazer, os grande lábios ficam em chamas).
Chegou na hora, Motel perto de casa. Vinho para acalmar.
Pouco antes de tirar minha roupa em apenas um segundo ele disse
- Aqui quem precisa agradar sou eu, você relaxa e aproveita.
Agora me diga se a pessoa relaxa numa situação dessas?
Talento é tudo, já fui chupada antes, como todos nós sabemos, mas deste jeito nunca, com este conhecimento de causa? Com esta vontade de me fazer feliz? Aquela boca no meu peito, no peito que há meses não sabia o que era uma boca, e aquela boca na minha boca? Os dedos dele tateando a minha buceta como que preparando o caminho para o que vinha. Nunca fui tão egoísta na minha vida, só pensei em mim e fui feliz. Profissionalismo é tudo. O famoso pau de 22,5 centímetros mostrou a que veio, incansável foi entrando e se fazendo em casa. Primeiro só aquela cabeça imensa e quase roxa massageando o clitóris, depois forçando a entrada, eu zonzinha pedindo pelo amor de Zeus para não parar. O pau inteiro dentro de mim saindo e entrando de acordo com a minha vontade.  Preocupado, escolheu as posições mais confortáveis, foi generoso, foi atento. Foi foda. Ele gozou tranquilamente enquanto eu ouvia um zumbido como num porre de lança-perfume. No final do terceiro ou quarto gozo pensei que este serviço deveria ser oferecido pelo estado. Viúvos e viúvas, pessoas solitárias,  pessoas com dificuldade de locomoção, tímidos em geral, tipo um bolsa-trepada.
É estranho não ter conversa, estranho não ter "beijo, me liga", mas é bom não ter mentiras. É bom ser prático.
Felicidade não se compra, fato. Mas podemos alugar momentos felizes.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Errante


Mãos do David de Michelangelo

Não sou destas que observa as mãos de alguem e através delas imagina todo o resto, o meu olhar sempre se perdeu no meio do corpo do homens, eu olho sempre e diretamente para o pau deles. De todos eles. As calças frouxas, o jeans apertado, o calção de praia. Aliás, quero aqui agradecer ao inventor do calção branco e do óculos escuros. Não há nada mas excitante que um homem de calção branco molhado e não há nada melhor que óculos escuros para permite olhar para o homem de calção branco molhado, sem que a mulher do homem de calção branco molhado queira me matar.
Mãos não me atraíam, mas claro que para tudo tem uma primeira vez.
Sempre depois da praia tem a saideira na casa mais próxima e que tenha mais ar-refrigerado, - sim estou numa fixação por ar-refrigerado. Achei que ia ser na casa do homem de calção branco, mas não foi. O homem de calção branco ia encontrar com o rapaz do short vermelho.
Fomos para a casa dele, recém chegado, na cidade, tentando fazer amigos. Vocês sabem que meu talento maior é para a amizade. Turma animada, piadas novas, piadas velhas e como sempre,  vai indo todo mundo embora quando geladeira amiga esvazia.
Primeiro elevador desceu, segundo elevador desceu. A mão dele segurou meu braço e disse – vai não.
Segurou é um eufemismo para a força que ele aplicou no meu bíceps recém adquirido. Sabe quando fazemos exame de pressão? Sabe aquela pressão que a máquina faz? Exato.
O quarto já estava quase montado, a cama box no centro, uns caixotes no lugar da mesa de cabeceira e um lençol da Casa&vídeo. Começa o negócio de iniciar uma nova amizade, e o gosto de sal no corpo ajuda muito a criar laços afetivos. As mãos dele eram duas lixas, mãos de trabalhador braçal, dedos grossos com unhas muito curtas.
-      Tem camisinha?
-      Não.
-      Não brinca.
-      Não tem.
-      Não pode, parou

O meu corpo inteiro dizendo sim e a imbecil da minha boca falando não. O pau dele completamente duro, minha buceta inchada e a idiota da minha boca diz não.
-      Vamos brincar de outra coisa?
Ele se recostou na cama, a tal da mão me puxou pelo braço de novo e me colocou sentada em cima dos quadris dele. Ele tinha um cheiro de capim-limão. Dois dedos dele entraram rapidamente em mim. Gostei dessa brincadeira. Segurei firme no pescoço dele e desandei a cavalgar. Por diversão ou maldade ele colocou um dedo também atrás. Fui me perdendo na boca dele, fui ficando tonta. Ele disse que ia colocar mais um dedo. Eu tremi de medo, achei que iria rachar ao meio, não rachei. Entre a dor e o mais legítimo prazer, gozei mordendo o pescoço dele que acho agora exalava a erva-cidreira. Coloquei minha boca no pau-dele para retribuir a generosidade, ele se esparramou na cama para receber o presente, chupei devagar, lambendo de vez em quando o saco, enfiei o pau inteiro na boca e pouco antes dele gozar coloquei o pau entre os meus seios. Aquele jatinho quente, o pau desmaiando.  As mãos me puxam para cima dele, um abraço, o pau morto embaixo de mim. Ele gira sobre meu corpo e de novo abre as minhas pernas, olha atentamente para a minha buceta, lambe como quem experimenta um novo sabor, gosta do gosto e mergulha a língua. A mão sobe e agarra o meu peito como se dele fosse extrair alguma coisa, aperta, espreme e suga o bico com fome. Joga todo o peso do corpo contra o meu e os dedos já buscam o caminho entre os pelos da minha buceta, abre e massageia, entra, tira, cheira. Poderia me desvencilhar, poderia mas não posso. Na dança de salão é assim o cavalheiro conduz , e vamos combinar que de vez em quando é muito bom ser conduzida.
Fechando os olhos agora tenho certeza, ele cheirava a alecrim.