quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Porque só sei dançar sarrando?



Mais uma da série tudo tem seu começo.

Eu tinha esse amigo. Nem bonito nem feio, Ele tinha esse sorriso de balançar pernas. Sabe quando a pessoa sorri e você já imagina ela te comendo? Pois é esse tipo de sorriso.
O dia inteiro juntos, ele um pouco mais velho, espírita, leitor de Baudelaire e Carlos Zéfiro. Eu mais nova, macumbeira convicta, leitora de Machado de Assis e Tio patinhas. Sempre juntos, sempre rindo, sempre discordando.  Ele Sport e eu Santinha.
Ele frequentava os clubes sociais do subúrbio todas as sextas e sábados, paquerava até com poste. Um dia leu um livro onde o personagem principal dançava com as meninas que ninguém queria dançar, ele tomou isso como missão.
A cada festa pelo menos cinco músicas eram dedicadas as moças do canto escuro do salão.
Peguei a deixa.Vou com você e danço com os meninos do lado escuro do salão. Os espinhentos, os mal encarados, os fedorentos, os mal vestidos. Fomos. Ele o rei da festa. Eu? Descobrimos que danço mal, muito mal, péssimo mesmo. Até os meninos que nunca dançavam desistiam de dançar comigo no meio da música. Tristezinha. Meu amigo veio com a solução simples.  - Dança sarrando. Como? Dança sarrando. Deixa o cara se encostar em você, deixa o pau dele roçar na sua buceta, deixa o pau dele ficar meio duro, deixa ele sentir o cheiro do seu cabelo, dá uma fungada no pescoço dele, deixa a mão dele te conduzir, faz promessas sem dizer nada.
-       Pode dar um exemplo?
Dançamos, sarramos muito.
Minha mãe, quando me viu dançando um tempo depois disse: isso que tu dança, não se dança em pé’’.
Seguimos indo para as festas eu e ele, nós dois donos do salão sarrando indiscriminadamente.
Tem uns que até gozam só no sarro. Tem uns que continuam sarrando mesmo depois que a música acaba.
Continuo assim. Só aprendi a dançar sarrando, só sei dançar sarrando e gosto.

3 comentários:

Sempre me interessa o que pensas.