terça-feira, 3 de maio de 2011

Acontece


Nínguem venha se fazer de santo, ou santa. Acontece e acontece sim. Você acorda, olha para um lado e para o outro e dá graças a Deus que está  no seu quarto. Levanta calmamente o lençol e dá de cara um um pau mole e desconhecido, fecha os olhos e reza para ele sumir (ou talvez ficar duro de novo). Como ele foi parar ali do seu lado e, o pior, ele tem nome? Se tiver, você se lembra? É fato, acontece.  Em dois segundos a sua cabeça tenta recordar a noite como se fosse um filme de Guy Ritchie, imagens em fast, frases entrecortadas, música alta, personagens do submundo, cachaça boa, vodka barata. Tenta focar, ainda bem não tenho ressaca, é uma benção e uma maldição. Você se recorda, primeiro da boca, depois da calça e do volume dentro dela, que te despertou a atenção. Depois, aquela cachaça que não precisava. Uma mancha amarela em movimento, sim, o táxi. Em seguida vieram as mãos e, como na música, os botões da blusa que eu, um pouco confusa, desabotoei na carreira. Aquela coisa de sempre, vai chupando aqui, vai metendo ali. Eita, agora lembrei de cada centímetro do pau dele. Nossa, mesmo com aquela última camisinha sabor chocolate foi bom. E agora, acordo ele? Tomo um banho e faço barulho para ele acordar? Faço café da manhã? Pulo da cama gritando que meu marido vai chegar? Mesmo sem ressaca meu cérebro demora a pegar. Ele acorda sozinho. Ele sorri. Acho que não preciso me preocupar com o café da manhã, pelo menos não com o meu. 

2 comentários:

Sempre me interessa o que pensas.