segunda-feira, 16 de maio de 2011

Tudo tem seu começo




Comigo foi de repente. No domingo eu ainda jogava no time dos sem camisa com os meninos da rua e na segunda não podia mais nada.
Aqui cabe uma explicação; não é que eu soubesse jogar, não sei até hoje, mas bater eu sempre soube. Minha função no time era impedir que o rapaz chutando aquela coisinha redonda chutasse a coisinha redonda através daquele arco de madeira, onde apenas um rapaz sozinho ficava tentando impedir que a coisinha redonda entrasse. Trabalho em vão, porque quando eu não conseguia derrubar o menino que saia correndo com a coisinha redonda, a coisinha redonda entrava no arco; o rapaz que ficava lá sozinho não era muito bom. Pois é, na minha rua só havia meninos, mijei em pé até os 12 anos porque achava que era assim que era. 
Aos catorze se deu o ocorrido, acordei com peito, bunda, cintura, pentelhos e menstruação, tudo de uma vez. Minha tia correu para farmácia e comprou um absorvente, minha mãe correu na loja e comprou um sutiã (enorme, coisa de pobre para durar bastante, tenho até hoje), meu pai correu para longe. Minha avó me deu uma saia e um vestido, nada de usar os calções velhos de painho, uns calções com o escudo do Santa Cruz que eu usava como se fosse uma farda.
Parecia que tinha contraído uma doença, virei mulher. Meu pai não saía mais comigo para beber, não podia jogar nos sem camisa, nem nos com camisa e nem embaixo do arco impedindo as coisinhas redondas de entrarem. Não podia festa, nem chegar tarde, não podia conversar com homem nem ouvir conversa de mulher. Meu pai ficou  um pouco triste, ele no fundo tinha uma esperança de que um pau crescesse no meio das minhas pernas, mas a tragédia se deu, eu era mulher. Ainda sou. Com um pouco menos de convicção, mas ainda sou.
Então daremos um pulo no tempo, vamos passar as primeiras cólicas, a ausência de informação sobre o assunto e dar graças a Zeus pelo atlas do corpo humano que me explicou o básico e ao Kama Sutra que me encheu de curiosidade.
Estamos agora com 18 anos; pois é, passou foi tempo.
Entendi rapidamente que trepar era a próxima fase do jogo. O que fazer, então? Vamos trepar?
Fogo é achar com quem. Não quis esperar o amor da vida e ficar igual Gracinha, que não deu até hoje, tanto que escolheu. Vamos ser práticas. Homem mais velho, com boa fama entre os homens e má fama entre as mulheres. Sim, se tem má fama com mulheres é porque comeu muitas e decidiu não comer de novo a maioria delas, o que era exatamente o que eu precisava. Homem é um bicho fácil de iludir.
-Poxa, acho você tão inteligente
-Admiro homens mais velhos
- Não nunca
- Acho que gostaria que fosse com um homem como você
Pronto.
Uns chopps no centro da cidade, uma casa perto da praia e estava feito.
Agora vamos aos detalhes.
Doer, exatamente, não doeu, não. Deu um formigamento nas pernas, sabe como se a pessoa estivesse voltando ou indo de uma anestesia? Uma falta de ar e como se meus quadris estivessem alargando um pouco, sabe quando a pessoa está fazendo alongamento e  força bem muito? Quase esgarçando o músculo? Pois era isso tudo ao mesmo tempo.
Ele já tinha feito esse serviço outras vezes. Vinho, música de dançar sarrando, lençol bem limpinho, proteção. Ele foi indo e eu fui deixando. Ficar nua na frente de um homem pela primeira vez é muito ruim , um frio, uma falta de lugar para por as mãos. Ele me puxou para perto e achei bem bom o cheiro dele, peito cabeludo, a mão maior do que meu peito, o pau crescendo na minha frente. Pau ficando duro é muito engraçado. Ficou me beijando horas, perguntando se podia isso, se aquilo era bom, se mais vinho. Sim, por favor. Sim para tudo, por favor. Teve uma hora que ele apoiou uma  mão na minha cintura e outra na minha nuca, como quem pega um bebê para não deixar a cabeça pender para trás. Foi se deitando em cima de mim, foi se introduzindo dentro de mim, foi se rebolando dentro de mim. Dorzinha fina. Eita o lençolzinho branco todo manchado, o pau todo manchado. Ele quase desmaiado entre meus peitos e eu pensando, acabou. Pronto; é isso. Não era. 
Vai tomar um banho e volta para cá. Obedeci. Ele foi comigo.
Me lavou, passando a mão grande em cada cantinho da minha buceta. Foi aí que eu senti um choquezinho. Sozinha era uma coisa, mas outra pessoa fazendo era muito melhor. Fiquei ali na água quente, com as pernas abertas e ele acariciando meu clítoris. Quase gozando. 
Volta para cama. Lençol trocado.
De novo ele dentro de mim. De novo, só que diferente. Sem dor, com excitação. Com o pau dele massageando e me fazendo gozar. De novo o choque, só que dessa vez parecia um pouco porre de loló. De novo, só que diferente, junto. 
Sono danado, fraqueza, tontura. Sede.
Até hoje, não posso ver homem de peito cabeludo.
Até hoje não posso tomar vinho.
Até hoje sinto saudade de jogar no time dos sem camisa.

7 comentários:

  1. melhor texto do blog! e olha que li tudo! (mas corei, hahahaha)

    ResponderExcluir
  2. Obrigada. Sempre bom saber que ainda há pessoas que ruborizam. Beijos

    ResponderExcluir
  3. Me intrometendo na conversa alheia: mandei pro meu namorado por email. neste dizia "li, achei lindo, mas fiquei vermelha no trabalho".

    ResponderExcluir
  4. Camila mais uma vez obrigada. Pode se intrometer a vontade.

    ResponderExcluir
  5. Muito bom!!!! Frenquentarei o blog, chuchu...

    ResponderExcluir
  6. Natara, eu amo este post.

    Lembrei dele qando vi o belíssimo Tomboy.

    Mil beijos.

    ResponderExcluir

Sempre me interessa o que pensas.