sexta-feira, 29 de abril de 2011

Irada




Eu estava com muita raiva. Raiva intensa. Não por coisa pouca, cotidiana. Era por causa séria. Não por tampas de vaso levantadas, meia garrafa de água na geladeira, copos na pia, lençol dobrado errado ou atraso. Era raiva de coisa grande, ele sabia disso. Ficava calado.
A raiva era tanta que eu cortava a carne imaginando que era o pau dele. Vou fazer picadinho.
Ele chega. Podia discutir a porra da relação, podia me iludir, podia fazer promessas. Levanta o meu cabelo e se encaixa nas minhas costas. Beija exatamente o cangote.  Cangote é aquele ponto na nuca que em mim é conectado diretamente com a buceta. Tentei me manter conectada com a raiva. Raiva de quê eu não me lembro, mas era muita raiva. Se esse filho da puta levantar minha saia furo ele aqui mesmo. Fica ali beijando a minha nuca, a orelha. Mão entra na saia, mão entra na calcinha, mão acaricia o peito. Isso é um homem ou um polvo?
Esse filho da puta não vai pegar a manteiga para me enrrabar… É  muita cara de pau a manteiga novinha, Aviação ainda por cima.
E a raiva vai descendo não sei para onde. Uma raiva tão grande.
Ele de pau duro já me comendo e eu puta de estar achando aquilo bom. Tão bom. Suor de dois deveria ser o nome do prato. E se essa pia cair?
Desculpa meu amor, diz ele bem baixinho ou nem diz e eu faço que ouvi.
O bichinho é tão bonzinho vai me deixar gozar primeiro. 

Um comentário:

Sempre me interessa o que pensas.